Epistemologia, um convite de louco


Escher parecia entender de epistemologia.

Série de posts relativos ao Curso de Especialização em História Social da Arte, PUC-PR. Epistemologia, Aula de Haroldo de Paula em 20/09/10.


A aula de Epistemologia começou com apresentações e algumas considerações e parâmetros de ordem burocrática. Mestre Haroldo fez uma leve abordagem sobre sua experiência em especializações e no exercício de lecionar sempre para um público eclético, graças à sua condição de filósofo que abre uma gama para turmas bem variadas com alunos de diversas áreas.
Ele levantou questões pertinentes quanto a real manifestação do pensamento científico do pequeno mundinho que é a América Latina. O mestre citou uma frase: “A América Latina começa a acreditar em Newton agora” e divagou sobre ela.ps: pesquisar fonte.
O mestre fez algumas considerações a respeito de seu desejo de que usássemos a armadura de formadores de opinião, disse ainda que a epistemologia tem uma função humilde porém unica. Colocou alguns pontos interessantes sobre a visão cartesiana em que nos encontramos encaixotados e até mesmo nos consolou, pois todos querendo ou não estão inseridos nele. Levantou questões sobre o questionamento em relação a base do pensamento e sobre o apelo a produção do conhecimento científico. Percebi nesse ponto como é difícil se falar sobre epistemologia, porque falar sobre epistemolgia é indiscutivelmente falar sobre tudo!
O mestre Haroldo divagou a respeito da sociedade materialista e de nossas novas Mecas, materialista no sentido negativo da palavra. Falou sobre religiões e seus eventos ecumênicos, citou possibilidades como a de um monge, um pastor e um espírita com projetos em comum, citou padres biblistas que discordam da teoria Criacionista., afinal como não se ver Deus num mítico encontro aleatório de partículas elementares, mergulhadas no caldo quântico original, num planeta que não passa de pó estelar? Disse que temos que nos sentir confortáveis frente aos pensamentos alheios. As diferenças são atrativas.
Depois o mestre citou alguns métodos de torturas usados na Idade Média pela Inquisição em nome de Deus. Algumas torturas como o de se enrolar os intestinos pra fora eu já havia ouvido falar, mas desconhecia o processo em que se era usado chumbo derretido para preencher o interior da vítima enquanto viva. Falou sobre a tortura que alguns brasileiros sofreram à pouco tempo atrás quando se era visível a importância da unidade da turma nas classses universitárias. Falou sobre a política do Pão e Circo e de como devemos sim discutir futebol, política e religião ao contrário do que diz o popular. Falou sobre as posições políticas que todos tem, mesmo desconhecendo a política.
Nos convidou a entender a tal da episte, com a ressalva que a epistemologia é um convite de louco pois ela discute como são gerados os assuntos.
Discorreu sobre o que ele chamou de escressência cultural, sobre a manipulação midiática de novos e falsos ídolos. Discorreu sobre a elitização da cultura e o processo de aculturação a que o povo brasileiro é acometido barbaramente com o lixo produzido nos laboratórios musicais. Citou nomes de referências culturais poderosas como Machado de Assis, Fernando Pessoa, Itamar Assumpção, Hermeto Pascoal, Tom Zé ( Senhor Tropicália),entre outros.
Nesse ponto o Mestre fez uma breve divagação sobre as formas de conhecimento, sobre sair de sua perspectiva e se olhar a distância, esse é o exercício amargo da filosofia. Falou sobre o enfrentamento entre a teoria e a prática e sobre os modelos de compreensão da realidade.
O professor discorreu então sobre a epistemologia em si, citando-a como um dos ramos da filosofia, que estuda o fato ‘conhecimento humano’ quanto à sua existência, validade e métodos.
Questões abordadas:
-É possível conhecer?
-O conhecimento se identifica com a realidade?
-Que forma de produção e apresentação do conhecimento podem ser ditas verdadeiras ou válidas?
Objetivo:
-Discutir as possibilidades de identificação de formas de produção/apresentação de conhecimentos válidos.

Aqui o mestre trata sobre o aprisionamento racionalista pós-moderno e nos fala sobre três grandes golpes epistemológicos:
-Galileu Galilei
-Darwin
- O homem é um ser racional

Traçou no quadro a comparação do ego ao da ponta do iceberg, com todo o seu conteúdo gigantesco escondidos nos mares do inconsciente, o irracional, ID, o sexo e a violência. Como denominar o homem delineando-se apenas sua pequena ponta visível? Como chamá-lo racional, quando um turbilhão do mesmo homem guarda-se escondido e latente no irracional? Somos então irracionais por excelência. Somos enfim, um feixe de possibilidades.

A fé é um dispositivo intelectual. Construímos cultura em torno de uma idéia: a fé.
A transcendência não pertence a racionalidade. A racionalidade é fria. A estética não é racional. A liberdade não é racional.
Na epistomologia se discute a forma e não o conteúdo.
O professor comparou a retirada da filosofia das instituições de ensino como arrancar uma árvore de quarenta anos com suas flores e frutas, galhos frondosos e seiva gotejante. Para se fazer crescer de novo outra árvore assim, deve-se cuidar, amamentar e criar. Isso não é feito da noite para o dia, ainda nos instigou a encontrar algum objeto que não seja científico, filosófico, teológico e artístico. Falou sobre o método indutivo, dedutivo, analítico e dialético. Tratou do empírico, da fé, do lúdico como ferramentas intelectuais a se abordar. O lúdico e a fé devem ser os dispositivos.
Einstein não negava a dimensão da trancendência.

Sheilla Liz



Haroldo de Paula Possui graduação e especialização em filosofia; especialização na área de Gestão Ambiental e mestrado em Filosofia pela PUC-PR. Membro fundador da APPAM – Associação Paranaense de Preservação Ambiental dos Mananciais do Rio Iguaçu e Serra do Mar que é uma OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. Faz parte da Associação dos Professores da PUCPR. Tem experiência na área de Filosofia com ênfase em ética. Palestrante nas áreas de ética e meio ambiente.

Comentários

Postagens mais visitadas