“Não destruas” - O novo Mandamento da ética

Série de posts relativos ao Curso de Especialização em História Social da Arte, PUC-PR. Ética - Aula de Ericson Sávio Falabretti em 25/10/2010.


"COM O GRANDE PODER VEM A GRANDE RESPONSABILIDADE”
Stan Lee (Homem-Aranha,1962), e Petter Parker chora pelo leite derramado

Análise do texto de Jelson Roberto de Oliveira e Anor Sganzerla: ”Jonas: Para uma Ética da responsabilidade com futuro.” Palestra de Jelson Roberto de Oliveira – Doutor em Filosofia e professor do Curso de Filosofia da PUC-PR.

Hans Jonas (1903-1993) está entre os grandes nomes da filosofia contemporânea, é o autor de: O principio da responsabilidade, ensaio de uma ética para a civilização tecnológica . Um livro polêmico que trata de um novo apelo ético através da reavaliação do lugar do homem na natureza. Seria uma resposta do mundo moderno ao fenômeno niilista, ocorrido no século XX, com a filosofia de Nietzsche onde os valores tradicionais se degeneram e a existência perde o sentido. Jonas se dedicou ao estudo da gnose e postulou que o corpo vivo é a reunião de duas perspectivas, o idealismo e o materialismo que deixam de ser antagônicos. Cada célula traz em si a transcendência e sua existência está além do dualismo cartesiano, da separação espírito e matéria. Esse pensamento seria uma consequência filosófica do Darwinismo, que apesar de esclarecer quanto ao desenvolvimento das espécies deixa em aberto o ponto da origem da vida. A questão permanece: A partir de que momento o não ser se torna o ser? Em que estágio evolucionário estaria o homem quando adquire o espírito?

Segundo a Tese da Responsabilidade o homem é o auge de um processo da história da vida, uma consequência dos perigos e lances, riscos e apostas enfrentados pela humanidade durante a evolução. O homem está longe da perspectiva evolucionista que vai rumo a perfeição, suas escolhas erradas podem conduzi-lo à catástrofe. A natureza humana parece programada ao exercício da técnica, depende dela para a sobrevivência e continuação da espécie mas ao mesmo tempo cria efeitos secundários e sequelas de duvidosa benevolência quanto ao futuro da espécie.

Alguns pontos abordadados pelo professor Jelson: O homem como um transanimal. A responsabilidade: homo faber e as ferramentas, (poder do homem sobre a natureza, a técnica nega a capacidade artística e filosófica); homo pictor- desenhos; homo sapiens e os túmulos (cultivo da memória, desenvolvimento da racionalidade humana, a partir daqui nasce a metafísica.) Revisão dos patamares éticos. Estamos vivendo a sexta onda de extinção, espécies desaparecem mais rápido do que podemos cataloga-las, a técnica mostra um saber incompetente. Deformações ideológicas que exigem novas responsabilidades. Perdeu-se o sentido da vida. A técnica como último reduto da metafísica. A ontologia e o conhecimento do ser.

A obra principal de Jonas: O Princípio da Responsabilidade- ensaios para a civilização tecnológica, está dividida em seis capítulos. Nele Jonas expõe sobre a importância da responsabilidade nos dias atuais quando a ideia de progresso se contrapõe ao fato de que o futuro está em perigo. A ética deve rever suas premissas, se é a ação coletiva que degrada a natureza a ética não pode pensar apenas no indivíduo e nas suas relações de domínio homem x homem, essas relações (ainda válidas por ordem imediata) se tornaram ensombrecidas frente ao fazer coletivo e suas consequencias de domínio extra-humano. Essa nova ética da responsabilidade coletiva teria o futuro como sua base referencial. “Age de modo a que os efeitos da tua ação não sejam destrutivos da possibilidade futura de uma tal vida” (2006, p.48). A natureza passa a ser o ‘novo objeto de responsabilidade’ onde o conceito de integridade e todo, deve ser considerado. Jonas propõe o uso da heurística do medo como base instrumental para contrapor ao poder “sacrossanto do sujeito da evolução”, ou seja vislumbrar a pior das hipóteses a fim de se assegurar do melhor caminho presente. Segundo o autor, os pais e estadistas seriam os principais responsáveis nesse novo fazer ético que encontra como principal desafio preservar as condições de vida diante da perspectiva apocalíptica de nossos tempos.

Comentários

  1. Muito bom o texto e o contexto!!

    "COM O GRANDE PODER VEM A GRANDE RESPONSABILIDADE” - essa frase é de grande valia, ainda mais em tempos modernos, tais quais o nosso; onde o homem, "lobo do próprio homem", usa de seu poder construtivista de uma maneira totalmente destrutiva, a fim de propagar todo o seu legado de disseminação da própria raça e assim, gerar uma tecnologia impura, filha de seus trejeitos sub-humanos, onde a degradação da raça e das outras raça fazem-se presentes, devido a esse "suicídio coletivo quântico" da massa "construtivista".

    Ora, todos fazemos parte do todo, de um só magma, de uma só idealização, e muitas vezes pergunto-me: - Por que em se destruir algo que foi criado para construir?
    A partir do momento em que, grande parte do ser humano conseguir sentir a dor alheia, certamente o sofrimento será menor, e, sendo assim, as escolhas serão peneiradas e delegadas uma a uma!

    Enquanto isso fiquemos como espectadores desta grandiosa peça teatral que se chama vida, e ao depararmo-nos com a destruição, sejamos então os atores principais, para assim, contribuirmos com um mundo um pouco menos destrutivo!

    Os tempos mudam, as mentes reverberam e o corpo transmuta! Cabe cada um escolher de que lado agirá e seguirá de acordo com sua mente e coração!

    Muito bom mesmo este estudo!

    Beijos Sheilla e ótima sexta pra ti!

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  2. Sem problmas Sheilla! rsrs
    aqui também está uma correria só!
    Quando puder, sabes que é muito bem-vinda em meu castelinho!! (:



    Abraços fraternais!

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  3. Gostei, apesar de ver na resenha uma crítica "bem senso comum" sobre a questão do niilismo nieticheano. De qualquer modo, fiquei muito interessado em ler essa obra. Obrigado por compartilhar.

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  4. oi Escobar! Obrigada pelas críticas e comentários. É, na verdade o texto não é uma crítica sobre o niilismo de Nietzsche, e sim um resumo do texto do meu professor sobre o livro de Jonas e a nova ética coletiva, um pequeno estudo pra minha pós. Realmente é difícil encontrar coisas que fogem ao senso comum sobre Nitzsche, se souber de algo me indique que ficarei feliz em dissecar, rsrs. Um super abraço.

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  5. oi Anjo, obrigada pelo comentário. Fiquei pensando sobre o que de melhor eu posso fazer para não prejudicar o planeta, cheguei a conclusão que parece que tenho que deixar de existir pois tudo que faço é predadório, meu carro, meu banho,minha comida,minha casa,meu caixão, fiquei sabendo que até meus bichos de estimação de certa forma impactam o meio ambiente. Se o novo mandamento da ética é não destruir, vamos todos para o inferno, rsrsrs.O jeito é tentar minimizar o máximo o nosso impacto, por isso acho que vou passar o dia na cama, hehe. Super abraço.

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  6. Ah...se pensarmos por essa lado, Sheilla, tens toda razão: acabemos sendo "lobos de nós mesmos", fazendo com que o planeta, aos poucos, deixe de existir...
    mas, como somos humanos e estamos no plano terra, façamos da melhor maneira possíve, um presente magnânimo, para que possamos colher um futuro de saborosos frutos!

    Adoro suas visitas e agradeço muito por seus comentários!

    Abração do Anjo!

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