Ética, estamos dispostos?

Série de posts relativos ao Curso de Especialização em História Social da Arte, PUC-PR. Ética - Aula de Ericson Sávio Falabretti em 18/10/2010.

Still Life with Skull (Nature morte au crane)
1895-1900 (110 Kb); The Barnes Foundation, Merion, Pennsylvania
Segundo o professor Ericson, em seus estudos sobre Cézanne, pintura e a filosofia: a arte realiza o que a filosofia não pode.

O professor Ericson se apresentou para a turma e fez uma breve introdução de como funciona o programa de um modo geral, a metodologia da pesquisa científica e sobre alguns fundamentos éticos e seus conceitos. Ouvimos sobre a relação entre a ética e a moral, conceitos e sentidos, princípios éticos ( consciência, liberdade e responsabilidade), ética e política, meios e fins. Depois sobre as várias maneiras de se abordar a ética e a problemática de tamanhas variáveis, corre-se o risco de se falar de tudo e não se absorver nada. O tema fundamental da aula: O que é ética? Foco: A responsabilidade.
Bibliografia básica para estudos: Kant (séc XVIII)- O que é esclarecimento?; Jonas, Hans (séc XX) Princípio da responsabilidade.

Detalhe: A ética é um conceito em pauta e seu termo está desgastado. O uso contínuo, indevido e exagerado enfraquece o termo, de certa forma o sentido se esvai. (Ex do uso do famoso termo ‘paradigma’ e seu uso recorrente). Análise de comportamentos ligados a ética. Afinal: O que é ética! E: Estamos realmente dispostos a agir eticamente?
Falar sobre ser ético é fácil, outra é passar por situações cotidianas que testam nossos humores ao limite e nos chamam as trangressões. Ou você é ético,ou não é. Dá pra dizer: ‘eu sou mais ou menos ético?’, ou seríamos todos assim? Na ética o comportamento deve ser integral. O relativismo de comportamento é antiético. A pergunta é: Estamos dispostos? Pois somos constantemente testados.
Usos: Ética profissional- pode entrar em conflito com valores morais (Código Normativo); Ética Corporativa-princípio de condutas dentro de uma empresa; Ética como filosofia da moral, ciência da moral ou ciênciado comportamento moral.
Perguntas: O que é moral? Pq temos uma moral? O que determina a moral? Qual o sentido da moral? O que são valores?
Respostas: A moral é uma característica eminentemente humana e é o conjunto de valores e princípios que regem nossa vida. Piaget e as três fases da formação da moral na criança: Anomia, Heteronomia, Autonomia (formação do sujeito moral). Ciência da moral, objeto da ética e o que é amoral. Origem da palavra: Mos/Mores= costumes.
Discussões: Todo mundo tem moral? É possível uma pessoa sem moral? Macunaíma é um herói sem moral ou sem caráter? Quixote é um personagem amoral?
Segundo costumes temos o campo da amoralidade, da imoralidade e da moralidade.
Exemplo da moralização da natureza. Relações de transgressões hoje são mais visíveis, até os anos 50 o estupro não era considerado crime, era um delito no qual a mulher era cúmplice. A criança não era um ser de direitos. Montesquieu e o grau de corrupção relativo ao número de leis, ou seja, quanto mais leis,mais corrupção. Qual o papel da ciência nas discussões éticas? Conceito de Eurocentrismo. O sentido moral visto de acordo com o ambiente. Técnica e ciência, a velocidade da evolução e a criação de vácuos morais. A ciência agrega novos padrões e a moral não acompanha, reage de forma reflexa. Surgem novos problemas e situações que impõe estilos de vida. Hoje o homem modifica a vida e a natureza. Isso é certo? Sobre a natureza e a preservação, Peter Singer (Ética Prática), podemos garantir direitos a quem ainda não existe? A moralização da natureza e o modo como tratamos a natureza como o meio. A criança, o índio e o louco. Exemplos de inovações na ciência e problemas com as leis: duas mulheres querem gerar uma criança. Mãe quer engravidar de marido morto, etc...Questão da eutanásia, distanásia, ortotanasia. A linha tênue entre cuidar e deixar morrer, a medicina e seu conceito de enaltecer a vida. Todas essas são questões que podem estar no campo da amoralidade, são situações que não podem ser julgadas com tendências ao nosso favorecimento. A imoralidade e as relações de vício,contra as regras estabelecidas. A religião e a política seriam um espelho do outro? A moralidade não é necessariamente ética.
A moral reflete um conjunto de normas/valores (individuais e coletivos) que determinam a conduta a partir de relações como: vício/virtude, bem/mal. É inconsciente, não é deliberada. O grande problema da moral é que ela é diversa/relativa/ambígua e por tudo isso a moral é FALÌVEL. Apesar de falível é a determinante do nosso comportamento, responde as exigências e necessidades da vida. Sucita mais problemas do que resolve. As verdades são relativas e dependem da cultura, variam de pessoa para pessoa. A moral não resolve o conflito, ela não dá conta dessas relações pois o ponto de vista não pode ser universalizado. Sempre julgamos e agimos segundo uma conduta moral e a ética nasceu como uma reflexão filosófica da moral. Discussões sobre a moral do consumo. Eu/outro/mundo interligados. A natureza é diferente da cultura, nesse sentido o consumo não é natural mas envolve todas as relações e consequências quanto a amplidão de seu impacto no planeta. Filme – ‘A histórias das coisas’ - o problema de um sistema linear de consumo em um planeta finito. Nós fazemos parte de tudo isso mas não temos a dimensão completa dessas relações. A imoralidade do consumo está na prática, não temos a exata dimensão do processo atrás da moral do consumo. Alguns pontos abordados ainda: A modernidade líquida. Discussões acerca da sociedade consumidora, a venda de ideais e não de produtos, a fugacidade, a geração y, felicidade com a aquisição de produtos, a morte como um fracasso, a ideia do corpo como uma máquina. O consumo depende das relações de fragmentação. A demonização do consumo e ações éticas associadas a ações políticas.
Ericson Sávio Falabretti é doutor em Filosofia pela UFSCAR, professor de graduação e de mestrado em Filosofia da PUC-PR, e diretor de graduação do curso de Filosofia da PUC-PR. Autor de diversos artigos sobre filosofia política e fenomenologia.

Comentários

  1. Mais um tema o qual mexe, intrínseco, com nossos neurônios morais e/ou amorais.
    Creio que o padrão ético/moral é algo corruptível e que pode ser sim uma determinante variável de cultura à cultura.
    Por exemplo, tais quais o bem e o mal, a ética enquanto um quadro moralista pode ser uma variável dualística - o que é bom para um pode não ser para outro - e isso nota-se muito entre as culturas ocidentais e orientais. Ora, para quem segue à risca, ao pé da letra, o Alcorão, dirá que o ocidente é o mal, é a negação do bem, é contra os princípios de toda uma cultura; já para alguns do Ocidente, essa maneira de pensar é diabólica. Nota-se aí a deformidade, totalmente prostituída, dos resquícios da ética, como sendo algo tão antagônico, mas que se complementam, tal qual o bem e o mal o são! Ou seja, duas raízes de uma mesma matriz, assaz relativistas!

    É um assunto que dá pra se falar a noite toda...

    Que sua semana seja iluminada, Sheila!

    Abraços fraternais reverberantes!

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  2. Sábias, palavras Anjo, por causa de todas as variáveis que envolvem os padrões morais acabamos nos afogando nesse mar caótico contemporâneo. Um caldo cada vez mais frio e sombrio onde a humanidade se afunda...A maior questão é: conseguiremos voltar a tona depois?
    Abs

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  3. Concordo contigo!
    O trabalhoso é retornar nadando contra a correnteza d´um rio lamacento de inundado de peixes carnívoros famélicos..rs

    Um dia a humanidade chega à nascente (Kether)!

    ABraços fraternais!

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  4. Os gregos inventaram a política e a ética, de quebra criaram outra coisa: a desilusão... Também estou desiludida com o Brasil,sou contra qualquer tipo de corrupção, censura ou abusos governamentais, independente se eles sejam em nome do povo ou das cuecas. Abs

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  5. Concordo e assino embaixo, Sheilla!
    Vamos rezar para que dia 31 o universo seja complacente para conosco!

    "Mestle agladece sua glandiosa plesença lá no meu tempro de paz, quelida! Que os deuses chinejos te abençoem e que sua cliança seja ablaçada pol minha cliança.. (lisos, lisos...adolo lil, Sheira - lil é o merior lemédio....lisos lisos lisos e mais lisos..assim mestle mole de tanto lil)"

    rsrs
    fui sim...e sou ainda um menino levado..rsrsrrss..mas só um "tiquim"..rsrsrssr

    agradeço sempre sua visita carinhosa e comentários engrandecedores, Sheilla!

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  6. Oi fíria, mestle agladece seus comentálios enliquecedoles lá no meu tempro!
    E viva as balatas e os balatos, polque, lemble-se que o balato pode sail calo e só quem vende mais vende mais balato...mas, quem compla calo, ou polque tem muita glana, ou polque faz muita academia e fica com a mão cheia de caros...lslslsls

    leflita, minha discípura, leflita!

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  7. mestle deixou uma anedota pala fíria, lá no seu plimeilo comentálio do blog do mestle!

    Paz plofunda, minha fíria...ande pera sombla, tá? lisos lisos..

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  8. lslsls, Vou pra lá agora pra me iluminar Mestre!

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  9. "A iruminação começa quando saímos do banheilo, fíria, ou seja, de alma ravada depois daquela corocação das clianças pla nadal"

    coroquei rá, a lesposta da chalada, fíria...

    lslslslsls

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